sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Decalco

Gosto das árvores dos desenhos animados japoneses! Têm flores imensamente brancas que reflectem todas as cores, não precisam de imitar sensações nem citar versos esquisos para serem belas.
Gosto de ver essas mesmas àrvores contrastar com o verde vivo, vê.las ao longe estando sentada à janela com os pingos de chuva a escorrer no vidro.
Se pudesses vir sentar.te na segunda cadeira de baloiço junto à janela e olhares comigo lá para fora verias esta clareza dos sons e imagens que eu tenho defenidos como únicos. Irias gostar também das àrvores dos desenhos animados japoneses. Ficarias comigo à espera que a chuva parasse para irmos contrastar com o verde também. -A cor das pessoas faz mais contraste se formos incolores com a nossa própria cor-
Percebo que queiras ficar do lado de fora da janela, bem sei como é difícil e duro tentar passá.la... Fica só aí, mas não debaixo da chuva, há pingos que doem, estão demasiado frios para serem sentidos.
Pões de lado essas palavras longas com sons e pensamentos que nunca mais acabam. Fazem zumbidos citadinos em mim, pertubam sentimenos pintados a cores primárias. E não me deixam levantar e ir. Para poder desenhar.te num cenário com canas de bambú no fundo. Questionar os teus porqês, percebê.los e seguir contigo. Riscar todas as partituras que me fazem confusão e marcar após a clave de sol todas as pausas que quero ouvir. Tornar perpétuo o silêncio.
É tão suave ouvir o vazio do intervalo das tuas falas. Gosto quando és tu que as escreves e sais fora do guião. Fico perdida mas improviso contigo sempre sem medo.
Vou romper com os pesadelos que decalco de olhos abertos para poder voltar aqui de novo, sem chuva e zumbidos empacotados.

27 e 28 de Out. 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

São Melodias com Cheiros

Deixei na areia a marca dos meus pés, não por esquecimento mas por gostar de sentir aquele solo frio a desfazer.se abaixo de mim.
Atrás estava o mar e à frente pessoas que fiz de conta não existirem, que mexiam os lábios mas que para mim permaneciam mudas. Não houve Sol que me deixasse ter medo e arrefecer, deu.me porém brilhos difusos, pontos dispersos de luz que senti reflectirem.se em mim, no cabelo que copiava as ondas do mar.
O céu não era limite, aliás não haviam limites naquela tela que eu pintei a duas cores, com promenores que mais ninguém conseguirá desenhar de novo.
Só preto e branco para igualar os filmes antigos em ecrãs mágicos gigantes, com músicas que nos dão logo a imagem. São melodias com cheiros do passado embrulhados no pó que cobre o baú dos sonhos.
Mergulhei na àgua gelada do mar só para aquecer o coração... Não resultou outra vez. Prometi nunca mais tentar, mas havia uma concha tão diferente no fundo do oceano, que não me importei de ir sem saber se voltava.
Já não gosto de conchas do mar, penso eu. Gosto da pérola porque está por dentro, só isso. Não volto lá nem que alguém me leve pela mão!
Voltei do mar e vi brilhantes... Eram só pedaços de estrelas que desta vez não quis trazer.
Deixei na areia a marca dos meus pés só para começar de novo.


18 Out. 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nó das Palavras

"Hoje não há nada para dizer", foi a primeira frase que escrevi no bloco de notas. Mas não escrevi que não havia nada para sentir, hoje apenas fechei os olhos e dormi. Deixei que o vento repousasse nas pálpebras e fiquei à espera que me acordasses com o doce toque das tuas mãos no rosto.
Parei ali mesmo, queria ver na plenitude daquele gesto o menino perdido de si que busca nos sonhos uma maneira limpa de ser.
Os pequenos mundos acontecem tantas vezes aqui... Vamos ser espectadores desses mundos azuis, que deixam a luz sair pelos retalhos de madeira velha que range e nunca se esquece das deixas do guião que alguém escondeu e guardou para sempre, na esperança de que quando voltar a calcar a madeira que range, esse mundo não estremecer. Esse mundo não abalar com palavras todo o brilho que temos nas mão dadas.
Quando esse alguém volta, já com as deixas allinhadas, é banda sonora dos meus momentos de rir. Porque os sentimentos não se esgotam nem aceleram palpitações, ficam sentados no chão sem suplicar focos de luz. Ficam lá, porque somos nós que os levantamos para lhes podermos tocar e encostá.los ao peito, e sobretudo, para não ter que ser urgente um gesto verbal.
Já não se conseguem desenhar palavras assim, que colem no ar, que se moldem com o sopro quente. Palavras que fiquem.
Já não sei até onde sou capaz de ir com este bloco cheio de notas soltas. Talvez precise de papel reciclado e de renovar as palaavras. Renovar as palavras nunca os sentimentos.
Se é díficil sentir, vamos escrever a duas mão textos épicos ilustrados, para que seja universal ver aquilo que está nos espaços e parágrafos que fazem sentido.

30 de Setembro e 7 de Outubro de 2010