quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Não houve Arte

Procuraste perfeição, pensaste existir. Ficaste expectante. Quando olhaste não viste nada do que esperavas.
Mas o esforço por ver o aprazível tornou.te tão confiante, tão convicto das palavras. Acreditei porque tu disseste.
Não era bem assim, não se pode ver através dos sentidos. Só com os olhos. Só com os olhos.
Porque hoje já não importa se está a chover. Porquê? Porque é só água afinal. Como é que nunca ninguém me disse que era só água?!
Frases embriagadas por palavras de cores. Sílabas azuis, vermelhas, verdes, amarelas, cor.de.rosa, roxas e laranja, todas com movimentos alienados. Rasgos de luz, pontas de fios queimados, cheiro nauseabundo. Caminho sem regresso. Pensamentos presos, manipulados por sombras invisíveis.
Chega a hora, e tu n estás, se calhar nunca estiveste sequer.
Podíamos ter invertido e misturado a paleta, podíamos ter rodado a fita para vermos o mesmo filme, ter aparecido na mesma fotografia, rirmo.nos da mesma peça de teatro, escrever o mesmo livro, dançar a mesma música, desenhar e criar a mesma obra de arte, mas não. Porque não há tempo nem disposição para isso. Porque tudo ficou mudo e todas as palavras ficaram á deriva no olhar, no olhar vidrado. E por isso, não houve Arte. Porque não quisemos, nem percebemos que tínhamos esse poder. Não soubemos escrever a história em k éramos as personagens principais, não soubemos ver que não eram precisos grandes parágrafos, frases soltas eram perfeitas. Podia não dar para um bestseller, mas seria, sem dúvida, a melhor história que já leste. Livros perfeitos são os que nos tocam a alma, e nesse livro- se o tivéssemos escrito, a duas mãos- verias o tamanho da tua alma. O poder das palavras que ficaram no olhar.
Descobre aí o mundo que está fora do que viste em mim, sobe ás estrelas, e olha.me.
Aqui, as mãos vão estar sempre geladas, como sempre.





4 de Fevereiro de 2009
Tita*