terça-feira, 6 de outubro de 2009

Da Luz às Palmas_

Sempre que o pano sobe ela tem medo de brilhar. E a luz que sai de si desfoca.a, de tão intensa que é. Porém, ela aperta.a porque sente o desafio que é brilhar mesmo sem o querer. O seu medo é pensar que talvez um dia lhe seja impossível encantar com a sua luz. E por isso, sonhar ser uma personagem de banda desenhada, para usar a desculpa de que nunca existiu. Mas nós sabemos que ela é real, e conseguimos, até, sentir o brilho que sai de si!
Ela cria o seu fado e faz da sua voz altiva forma de chegar a qualquer: mas nunca querendo agradar a qualquer um, pois é fiel e não pensa mudar o que sente, porque apesar de não poder mudar o seu fado também não o deseja.
A estrela de que vos falo multiplica.se sempre que quer, representa e apresenta de uma forma especial quem quiser. Agarra as palavras das suas deixas e o resto é tão belo e único que quando nos apercebemos, o som das palmas efusivas elevam.na e depois o que vemos é somente ela. Apenas as palmas a deixam ser ela.
Dá a alma e mais qualquer coisa que não consigo transpor em palavras.
E sim, os gatos ficam estarrecidos por poderem ver o seu brilho.
Mas o que a faz brilhar verdadeiramente é o seu sorriso e berlindes nos olhos, e esses sim, são os seus talentos mais inatos.
Bebe dessa luz! Deixa sair, sê apenas tu e deixa.nos ouvir.te!
E mesmo que te cales, ouviremos a tua voz, sempre!



Tita*

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A Cidade Perfeita

Perfeitos os sons,a melodia das palavras e dos gestos. Simples o brilho do olhar.
A Cidade feita para nós. Com aquela luz que deixava ver, até o que de mais sussurrado se escondia. Lugares vazios com ondas sonoras perspectivadas. Tu sorriste ali. E num beijo selaste todo o ímpeto da noite brilhante que estava, posta de frente onde éramos a sua plateia, única, como nós também somos. A cidade artista á espera de palmas, das nossas palmas.
Eu e tu os escolhidos para estarmos ali a vê.la brilhar. Nem a Lua interessava naquele espectáculo,em que duas pessoas também brilhavam ao ver a cidade num reflexo de luz, de sonho, de liberdade, de sorrisos, sobretudo de sorrisos. Dessa fascinação em que vences qualquer um.
Sono suspenso, não levitado com fios de nylon, não inerente à visão de todos, aos suspiros do mundo. Ali, a ilusão que a imagem te deu de perfeição era eu, que nas entrelinhas do rosto estava a coerência, não das palavras, mas dos sentidos. O pestanejar entre os bocejos e depois o desenhar estrelas no sorriso. O picotado da lembrança. O fraquejo dos olhos, o lapso da memória. Tudo turvo... Apenas sei, e gosto de saber, que ali tudo ficou bem.
Claves de sol já não estavam quebradas. Os medos virtuosos escritos em água deixaram de se poder ver.
E eu, que sorri em frente à cidade, sem medo que o meu sorriso anulasse o teu. Não muito longe do rio também existe beleza.
Tita*
26 de Maio

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Não houve Arte

Procuraste perfeição, pensaste existir. Ficaste expectante. Quando olhaste não viste nada do que esperavas.
Mas o esforço por ver o aprazível tornou.te tão confiante, tão convicto das palavras. Acreditei porque tu disseste.
Não era bem assim, não se pode ver através dos sentidos. Só com os olhos. Só com os olhos.
Porque hoje já não importa se está a chover. Porquê? Porque é só água afinal. Como é que nunca ninguém me disse que era só água?!
Frases embriagadas por palavras de cores. Sílabas azuis, vermelhas, verdes, amarelas, cor.de.rosa, roxas e laranja, todas com movimentos alienados. Rasgos de luz, pontas de fios queimados, cheiro nauseabundo. Caminho sem regresso. Pensamentos presos, manipulados por sombras invisíveis.
Chega a hora, e tu n estás, se calhar nunca estiveste sequer.
Podíamos ter invertido e misturado a paleta, podíamos ter rodado a fita para vermos o mesmo filme, ter aparecido na mesma fotografia, rirmo.nos da mesma peça de teatro, escrever o mesmo livro, dançar a mesma música, desenhar e criar a mesma obra de arte, mas não. Porque não há tempo nem disposição para isso. Porque tudo ficou mudo e todas as palavras ficaram á deriva no olhar, no olhar vidrado. E por isso, não houve Arte. Porque não quisemos, nem percebemos que tínhamos esse poder. Não soubemos escrever a história em k éramos as personagens principais, não soubemos ver que não eram precisos grandes parágrafos, frases soltas eram perfeitas. Podia não dar para um bestseller, mas seria, sem dúvida, a melhor história que já leste. Livros perfeitos são os que nos tocam a alma, e nesse livro- se o tivéssemos escrito, a duas mãos- verias o tamanho da tua alma. O poder das palavras que ficaram no olhar.
Descobre aí o mundo que está fora do que viste em mim, sobe ás estrelas, e olha.me.
Aqui, as mãos vão estar sempre geladas, como sempre.





4 de Fevereiro de 2009
Tita*