domingo, 26 de setembro de 2010

Desenhos

Não quero caminhos com placas viradas do avesso. Confundem.me!
Quero estrelas e sonhos nos olhos. Quero àrvores que têm na história das suas raízes pingos de àgua que caem no teu rosto e quero tirá.los de lá apenas porque doem.
De repente, este pequeno espaço tornou.se tão grande para se estar. Quero desenhar nesse espaço que sobra um mundo tão diferente deste, que pode até assustar, pode sussurrar barulhentos recortes de mudança para sermos eu e tu na originalidade dos actos. Não quero ir por ali por ser sentido único, quero ir por além por ser uma rua de muitos sentidos. Para poder traçar risco contínuo.. Que ninguém tenha coragem para nos ultrapassar.
Quero dizer que sim aos teus truques de magia e viajar até aos teus desenhos de elefantes que andam de nenufar em nenufar e onde os peixes são gigantes e os cowboys andam debaixo de àgua.
Quero ver todos esses desenhos que se movem, que ganham vida só porque acreditas neles.
Fica tudo muito mais fácil quando apenas acreditas e deixas ser.
Foste e voltaste, aqui tudo ficou igual, agora com mais luz. Quando regressas aqueces com a forma como olhas. Ele sim, o olhar, é intocável.
Vou guardá.lo fotograficamente, passá.lo para uma película e fazê.lo rodar para a multidão que faz sempre questão de assistir. Pedir silêncio e escuro, dizer "acção" e acontecer.
Depois vou fazer curto circuito com os teus medos, para poder acreditar nas cores dos teus desenhos de várias dimensões.


21 de Setembro e 26 de Setembro

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Bonequinha de Trapos

Lembro.me de ti de caracóis ao vento. Corrias naquela rua de dois sentidos: o do sorrir e o do voar.
Tocavas as nuvens que julgavas serem algodão doce. Cruzavas os olhos por todas as cores sem nunca trair os sonhos de criança, que ficaram até hoje.
Se hoje já não vês algodão doce no céu foi porque lhe tocaste com a mão. Podes dar.lhe a mão, não dói mais por isso. Podes beijar as flores do jardim da casa amarela desde que sintas a relva nos pés descalços, e continuar a ser a bonequinha de trapos que reina no quarto escuro dos brinquedos.
Podes continuar a sorrir assim. (Se fosses capaz de imaginar metade do que transformas quando espontaneamente sorris, terias medo de o fazer, porque crias mundos dentro das pessoas que recebem o sorriso da menina que continua sempre menina quando faz bolas de sabão).
Vou levar.te ao portão da casa amarela para não teres mais medo de voltar, aconchegar.te a almofada e afastar todos os pesadelos. E sempre que não o puder fazer, [porque às vezes deixo não sei bem onde toda a capacidade de cuidar e de dizer "gosto de ti"] mando um outro alguém que te deixe adormecer nos seus braços e que fique permanetemente lá, até eu chegar.
Cheguei agora, ainda não é tarde. Fui ali e quando voltei tinha no bolso um rebuçado que vai adoçar todos os momentos menos doces que fazes questão de guardar.
Vou sarar todas as lascas que o tempo deixa marcado. Depois voaremos até aos teus desenhos de lápis de cera, apagaremos o borratado e ficaremos sentadas no baloiço da laranjeira.
Vamos descortinar o mundo que está fora da janela de cortinas pequenas com rendinhas, para quando voltarmos reinares novamente no quarto dos sonhos, onde a sinfonia é o toque do teu sorriso.



15 Setembro 2010